MONUMENTO À MULTICULTURALIDADE
Esta obra de Sérgio Vicente evoca a multiculturalidade e a participação comunitária e está localizada no Centro Cívico da Caparica.
Aqui podes fazer uma visita guiada a este monumento de arte pública. Assiste ao vídeo.
A OBRA
Autor: Sérgio Vicente
Inauguração: 27 de abril de 2013
Materiais: chapas de ferro
MONUMENTO À MULTICULTURALIDADE
O Monumento à Multiculturalidade nasceu de uma proposta feita à Câmara Municipal de Almada pelo Centro de Investigação e Estudos em Belas Artes (CIEBA) da Faculdade de Belas Artes de Lisboa, como resposta à vontade do Município em instalar um monumento à multiculturalidade no concelho, destinado ao novo parque urbano do Monte de Caparica.
O projeto foi coordenado pelo escultor Sérgio Vicente que, ao longo de dois anos, dinamizou uma proposta de criação de arte pública participativa, envolvendo a comunidade local e uma equipa transdisciplinar de profissionais ligados às artes plásticas, antropologia, sociologia, história da arte, arquitetura e educação pela arte. Contou ainda com a participação da Faculdade de Belas Artes, com a colaboração da Prefeitura de Porto Alegre (Brasil) e do Centro de Investigação Polis de Barcelona.
Entre julho de 2011 e junho de 2012, cerca de 70 pessoas participaram em sete oficinas públicas de trabalho comunitário, com vista ao desenvolvimento de estratégias e metodologias, orientadas para a formação cívica, artística e comunicativa.
Foram construídas várias maquetas em cartão, plasticina ou esparguete que representavam elementos da memória daquele lugar, para assim se chegar à forma final.
O Monumento à Multiculturalidade é composto por três elementos escultóricos, de aço, localizados em diferentes pontos do parque: a “casa” que representa o estar e a comunhão, o “poço” que tem o significado do fazer e da relação com o trabalho, e o “observatório” que reflete o sentir através das inquietações do desconhecido e do conhecer.
Todas as peças obedecem a uma mesma lógica de desenvolvimento vertical no espaço e a uma representação não figurativa, tendo-se optado por formas essenciais. A cor é a da ferrugem, ação do tempo sobre o metal, tendo sido inscritas as palavras “ Estamos, Fazemos, Sentimos”: «A cor vermelha ficou associada à palavra ‘estamos’ e à forma piramidal; a palavra ‘fazemos’ ficou inscrita sobre o fundo azul e sob a peça de geometria cónica; e a cor amarela ficou ligada à palavra ‘sentimos’ e à peça cilíndrica» (VICENTE, 2016:107).
Rogério Taveira realizou um documentário que condensa o processo artístico e colaborativo da criação do Monumento à Multiculturalidade, intitulado "A arte pública como mediação entre território e comunidade”.
Nesta experiência partilhada, a arte serviu de motor de ligação da comunidade local. Segundo Vicente “Foi com base no reconhecimento de que o saber artístico, no domínio das ferramentas disciplinares do desenho urbano, aparece como um dos elos fundamentais na qualificação do espaço urbano, que a autarquia apostou em dar o espaço para a afirmação pública da identidade coletiva através da arte.” (VICENTE, 2016:55).
Processo Participativo: Estudos
Fotografia: Mário Rainha Campos
Monumento à Multiculturalidade
Fotografia: Mário Rainha Campos
O LOCAL
Aqui podes conhecer melhor a localização da obra e o seu espaço envolvente.
CENTRO CÍVICO DE FRÓIS,
CAPARICA
A escultura está instalada no Centro Cívico do Fróis, na União de Freguesias da Caparica e Trafaria, que integra o Complexo Municipal de Piscinas de Caparica, a Biblioteca Municipal Maria Lamas e a nova sede do Clube Recreativo União Raposense, enquadrados pelo Parque Urbano do Fróis. Para além do Monumento à Multiculturalidade, existe ainda outra obra de Arte Pública no mesmo local: o Planisfério da Interculturalidade.
Dado à afluência de populações migrantes e imigrantes para a Caparica, foram criados bairros de habitação social para responder às necessidades de habitação, tornando-se num local de encontro de gentes de várias origens e culturas. O Centro Cívico do Fróis nasce no âmbito do Programa de Regeneração Urbana de bairros sociais, sendo que a então presidente da Câmara de Almada, Maria Emília de Sousa, decidiu homenagear a diversidade deste território com a implementação do Monumento à Multiculturalidade.
A criação do Planisfério da Interculturalidade deu continuidade a esta ideia, com o envolvimento das escolas do ensino básico do concelho de Almada e da Casa da Cerca-Centro de Arte Contemporânea para a construção de um planisfério que visa representar a comunidade.
A Biblioteca Municipal Maria Lamas, que integra a Rede Concelhia de Almada, abriu ao público a 29 de Junho de 2013 e pretende promover a inclusão social através da partilha de saberes entre as diversas comunidades existentes no território. Assim, o seu piso térreo alberga cinco núcleos, que se organizam a partir de um espaço central: o Espaço Cidadão (no átrio), o setor adulto, o setor infantil, a sala polivalente e a área de serviços.
Fotografia: Catarina Pé-Curto
O AUTOR
Aqui podes conhecer melhor o autor desta obra.
SÉRGIO VICENTE / ESCULTOR
Sérgio Vicente é escultor e docente na Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa no Departamento de Escultura desde 2001. Licenciado em Artes Plásticas (Escultura) e doutorado em Belas-Artes, especialidade de Escultura, pela mesma Universidade. Mestre em Design Urbano pela Universidad de Barcelona. Investigador na Unidade de Investigação VICARTE - Vidro e Cerâmica para as Artes. Atividade artística regular desde 1996, tem desenvolvido diversos projetos de escultura pública, a título individual ou em equipa, para entidades públicas e privadas.
O PLANISFÉRIO DA INTERCULTURALIDADE
Aqui podes saber mais sobre outro projeto de arte pública participativa.
MURAL CERÂMICO PARTICIPATIVO
O envolvimento dos cidadãos no processo de criação artística é uma forma de responsabilizar os mesmos pelas obras colocadas no espaço público e também de desenvolver o espírito crítico e artístico e aguçar a curiosidade da comunidade. A proposta aqui é, para além de criar uma representação da realidade, agir sobre ela.
O Planisfério da Interculturalidade, inaugurado a 14 de Outubro de 2015, tornou-se no projeto educativo do Monumento à Multiculturalidade, coordenado pelo Serviço Educativo da Casa da Cerca - Centro de Arte Contemporânea e constitui-se como um mural cerâmico participativo. Contou com a colaboração de vários alunos das escolas do Monte da Caparica.
Para criar esta obra, a equipa teve em consideração os seguintes aspetos: condições geográficas do território, características sociais e culturais da comunidade, aspetos formais da obra e relação com a comunidade. A estes aspetos, juntou-se a experiência sensitiva: tocar, olhar, cheirar, partilhar, colaborar.
O material utilizado foi a pasta cerâmica de barro e cada participante criou o seu azulejo com a ajuda de um tutor-voluntário, onde imprimiu um objeto à sua escolha que simboliza um desejo, uma vontade. O painel tem 2178 azulejos, com 15cm x 15cm, realizados por 146 turmas das oito escolas públicas do Monte da Caparica entre 2012-2014.
Planisfério da Interculturalidade, fases da criação
Fotografia: Mário Rainha Campos
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